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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

ARQUEOLOGIA E EDUCAÇÃO

José Ozildo dos Santos
Rosélia Maria de Sousa Santos

Embora seja uma ciência relativamente nova, quando comparada com outras, a Arqueologia vem vivendo uma nova era, oportunidade em que vários de seus conceitos estão sendo redefinidos.
Em várias partes do mundo, importantes acervos arqueológicos estão sendo destruídos numa escala alarmante, colocando em risco grande parte da história da humanidade que ainda não foi desvendada.
Esta situação mostra a necessidade urgente da adoção de medidas, que possam reduzir as ações inconscientes do homem, geralmente, praticadas em nome do desenvolvimento econômico.
Se por um lado os ambientalistas alertam que o planeta está sendo destruído, os arqueólogos encontram-se nessa mesma posição e denunciam a destruição de inúmeras áreas contendo sítios arqueológicos – verdadeiros patrimônios da humanidade.
Numa maior escala do que as depredações promovidas durante o século XIX pelos aventureiros europeus em busca de riquezas, no norte da África, mais precisamente no Egito, atualmente ocorre depredações em várias partes do globo, colocando a Arqueologia em sinal de alerta.
Mais do que nunca é necessário o desenvolvimento de ações voltadas para a conservação dos patrimônios arqueológicos espalhados pelo mundo inteiro. Diante das inúmeras perdas registradas nas últimas décadas, é necessário se enfrentar o problema de frente e cortar o mal pela raiz. Somente a educação como processo de construção e formação do cidadão consciente, pode constituir-se numa medida eficaz a esse problema.
No caso específico dos sítios arqueológicos existentes no interior da Paraíba, a falta de conservação é um problema que vem aumentando e exige uma solução imediata. Vários matações contendo pinturas e gravuras já foram [e estão sendo] reduzidos a simples blocos de paralelepípedos. As famosas Itacoatiaras do Ingá - consideradas o maior e mais completo conjunto de gravuras rupestres existente no solo brasileiro - estão desparecendo por falta de ações governamentais, que garantam sua preservação, bem como pelas ações irracionais de alguns pseudos turistas, que visitam aquele importante sítio arqueológico.
Trata-se de um problema antigo, denunciado no final da década de 1940 por José Anthero Pereira Júnior e atualmente sempre enfatizado pela Sociedade Paraibana de Arqueologia, através da mídia ou em seminários e congressos, realizados dentro e fora do território paraibano.

 CACHOEIRA DO ENCANTADO, BAHIA: depredação de um patrimônio ainda pouco conhecido e estudado

No início da década de 1980, pesquisadores norte-americanos denunciaram a destruição pela qual vinham passados os sítios arqueológicos dos Estados Unidos. O problema, que à época encontrava-se fora de controle, foi combatido através de um conjunto de ações públicas e privadas, associadas a publicações de várias leis estaduais, voltadas para a proteção de tais áreas.
Na época, estabeleceu-se que a proteção e a conservação dos sítios arqueológicos situados em terras federais eram da responsabilidade do governo federal dos Estados Unidos. E, graças às leis promulgadas naquele país, milhares de sítios arqueológicos estão protegidos.
No caso específico do Brasil, apesar do texto constitucional garantir a preservação dos sítios arqueológicos e considerá-los como patrimônios da União, a grande parte desses sítios está localizada em áreas aonde o próprio governo federal vem desenvolvendo ou custeando projetos, sem, contudo, avaliar os impactos que tais ações podem causar aos acervos arqueológicos locais.
Todas as formas de desenvolvimento produzem impactos sobre os sítios arqueológicos.
No Brasil, literalmente, nada existe para proteger as áreas consideradas de interesse para a Arqueologia e que se encontrem no caminho do chamado 'desenvolvimento'. E isto mostra a necessidade de um plano nacional de gestão arqueológica.
É de suma importância que nossos sítios arqueológicos sejam preservados e deles sejam afastadas as ameaças trazidas pelo desenvolvimento, salvaguardando, assim, grande parte da pré-história do homem brasileiro.
Enquanto que recursos financeiros não são direcionados para promover a proteção e a preservação dos sítios arqueológicos brasileiros, deve-se privilegiar a Educação Patrimonial em vários aspectos, tanto através da mídia como em sala de aula, e mais, tanto no campo como na cidade.
Os sítios arqueológicos devem ser sempre vistos como instrumentos de valor e de interesse público. No desenvolvimento de um projeto de Educação Patrimonial voltado para a proteção de nossos sítios arqueológicos, pode-se privilegiar a Arqueologia de Marketing, buscando-se, através de instituições, a exemplo da Sociedade Brasileira de Arqueologia e suas congêneres estaduais, recursos necessários ao desenvolvimento de tais ações educativas.
Ademais, da mesma forma que o discurso ambiental ganhou os diferentes espaços da sociedade, esforços sejam desenvolvidos para que o mesmo também ocorra em relação à proteção e à preservação de nossos sítios arqueológicos. No entanto, em ambos os casos, as ações têm que ir além dos discursos: É PRECISO CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR. E mais, a sociedade também precisa ser educada, conscientizando-se da importância que os sítios arqueológicos representam no processo de revelação do passado do homem e, que jamais tais espaços devem ser vistos como pedras no caminho do desenvolvimento.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O FUTURO DO TRABALHO, MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E AS NOVAS HABILIDADES GERENCIAIS

José Ozildo dos Santos
Rosélia Maria de Sousa Santos
Identificação do Texto:

SACOMANO NETO, Mário; NAKAMURA, Mauro Massahico; ESCRIVÃO FILHO, Edmundo. O futuro do trabalho, mudanças organizacionais e as novas habilidades gerenciais. 

1 DESENVOLVIMENTO

O trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas. Atualmente, vive-se na ‘sociedade do trabalho’, que começou a se projetar a partir do final do século XVIII com o desenvolvimento da Revolução Industrial.
Na apresentação de seu estudo, Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho mostram que as recentes transformações sociopolíticas e econômicas ocorridas no mundo, influenciam decisivamente o contexto do trabalho nas organizações.
Os referidos autores destacam que o trabalho tornou-se o princípio organizador fundamental das relações sociais. É através do trabalho que os indivíduos adquirem existência e identidade social pelo exercício de uma profissão.
Essa possibilidade fez com que a sociedade industrial se distinguir das demais formações sociais e definisse-se como uma sociedade de trabalhadores.
Os desenvolvimentos tecnológicos e a nova forma de organização do trabalho permitiram a passagem do sistema de produção artesanal para a produção em escala industrial, retirando parte do conhecimento e das decisões técnicas do controle da pessoa que efetivamente realiza o trabalho. Ocorreu, assim, a racionalização deste através da divisão de tarefas, provocando o surgimento do sistema de produção em massa.
Contudo, era preciso encontrar meios/formas de se eliminar os desperdícios na produção para conseguir um ganho em produtividade. E essa necessidade impôs ao trabalhador a 'ciência' do trabalho. Diante disto, surgiram as primeiras teorias organizacionais, figurando como idealizadores Taylor e Ford. Este último estendeu as inovações tayloristas e introduziu a linha de montagem.
Destacam Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho que com Ford a imposição do ritmo de trabalho deixou de ser um procedimento normativo e tornou-se uma subordinação mecânica. E que a racionalização da produção era ao ponto comum entre o modelo de organização do trabalho fordista e as ideias tayloristas.
Na primeira metade do século XX, os trabalhadores foram obrigados a se sujeitarem aos métodos estabelecidos pelos administradores responsáveis pela organização do trabalho. Assim, nascia um novo contexto produtivo. Para manter esse contexto foi necessário estabelecer um compromisso (que ficou conhecido como Compromisso Fordista), garantindo aos operários uma participação nos ganhos de produtividade resultantes da racionalização. 
Até a década de 1970, a forma de produção baseada no modelo fordista prevaleceu, caracterizando-se pelo aumento do poder aquisitivo dos assalariados. No entanto, uma aguda recessão econômica abalou esse quadro, assinalando o início de um processo de transição e reestruturação do processo produtivo, atingindo seu clímax na década seguinte, fazendo emergir um novo padrão industrial no cenário mundial.
De forma bem clara, Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho informam que o taylorismo e o fordismo cedeu lugar para novos processos produtivos, dentre os quais, destaca-se o toyotismo, fruto de uma experiência japonesa com a produção enxuta.
Nesse novo cenário, em contraposição à organização do trabalho taylorista/fordista, a fábrica transformou-se num organismo complexo, capaz de aprender e ajustar-se às necessidades oligopolistas de competir em qualidade e diferenciação do produto, exigindo um tipo de trabalhador, que valorize seu conhecimento técnico individual e que seja mais polivalente.
Num segundo momento, Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho abordam a visão tradicional do ambiente organizacional, afirmando que o surgimento do administrador profissional está ligado a passagem da pequena oficina artesanal para a grande fábrica mecanizada.
No entanto, a preocupação com os aspectos relacionados às estruturas organizacionais tem como ponto de partida os estudos do engenheiro Henry Fayol, que além de precursor deste movimento, acreditava que a busca da eficiência se dava com a estrutura formal da organização.
É oportuno destacar que as estruturas organizacionais, passaram por um processo de evolução, podendo ser classificadas em linear, funcional e organização de linha e assessoria. E, que cada um desses tipos possui suas funções bem definidas.
Utilizando-se dos estudos realizados por Hampton, os autores mostram que com o crescimento das organizações tornou-se inevitável a divisão de tarefas e responsabilidades. E que tal divisão contribui para uma administração eficiente, visto que proporciona benefícios potenciais.
De forma compromissada, Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho enumeram as vantagens da divisão do trabalho, como também as suas desvantagens, apontando a alienação do trabalhador como uma dessas desvantagens, acrescentando que para lidar com as consequências dessa divisão, é de suma importância o reconhecimento das habilidades gerenciais, tais como:
i. habilidades técnicas: se voltam para o manuseio de ‘coisas’ (processos ou objetos físicos);
ii. habilidades humanas: referem-se às pessoas trabalharem com outras;
iii. habilidades conceituais: constituem um ingrediente unificador e coordenador do processo administrativo.
Num terceiro momento, os autores abordam a nova visão do ambiente organizacional, mostrando que a tecnologia está alterando o trabalho, bem como o mercado de trabalho, trazendo consequências reducionistas para o nível de emprego no Brasil. Dito como outras palavras, as mudanças tecnológicas vem contribuindo para o aumento da taxa de desemprego. No entanto, deve-se reconhecer que essa contribuição é inferior àquela produzida pela mudança na estrutura organizacional das empresas.
Estudos citados por Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho mostram que a essas duas causas do desemprego, pode-se adicionar a política econômica do governo federal, que na década de 1990, estimulou as privatizações.
Esses autores concordam que não há unanimidade quanto as reais influências das causas do desemprego, diferentemente do que ocorre com as consequências, tidas como grande gravidade social.
Outro ponto trazido à discussão, diz respeito à dificuldade da inserção dos jovens no mercado de trabalho. No Brasil, pouquíssimas são as oportunidades de emprego, situação esta também enfrentada por outros países, a exemplo dos Estados Unidos. E, que, no caso específico do Brasil, a maioria dos postos de trabalho abertos está nas micros e pequenas empresas.
Reconhecem Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho que, no Brasil, existe a necessidade de se preparar para o emprego e que essa preparação deve começar na escola, evitando-se que os alunos sejam simplesmente preparados para memorizarem informações e não para aprendê-las.

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise do texto produzido por Sacomano Neto; Nakamura e Escrivão Filho, permite concluir que atualmente, exigi-se uma nova mudança comportamental. Para tanto, o trabalhador deve possuir habilitações de caráter geral para ser capaz de atuar com destaque nesse novo cenário em construção. Ele precisa saber tomar decisões, assumir riscos e ter opiniões próprias.
À semelhança do trabalhador, as organizações também foram forçadas a mudarem o seu perfil nesse novo milênio, objetivando se adequarem às transformações sociais, políticas e econômicas que atingiram a sociedade. Diferentemente do passado, a dinâmica do ambiente concorrencial exige repensar os seguintes aspectos: cultura organizacional, relações interpessoais, motivação, liderança e outros.
Em síntese, ocorreu o fim das chamadas relações duráveis entre empresa e empregado. Hoje, exige-se um novo projeto organizacional alinhado, capaz de facilitar a reestruturação das estruturas e dos processos organizacionais.
Na atualidade, deve-se reconhecer que as organizações não podem existir sem chefias e organizações informais. Por outro lado, a necessidade de se repensar as organizações, fez surgir novas alternativas estruturais em resposta à dinâmica do mercado concorrencial e aos movimentos da produção enxuta.
Criou-se, assim, novas formas de estruturas, a exemplo da horizontal, da virtual e da estrutura voltada para os clientes, além da estrutura em pizza. Ademais, a adoção desse novo modelo organizacional exige a observância de vários passos, cujo conhecimento é primordial para se obter o êxito esperado.